venerdì 4 febbraio 2011

minha mais nova diva!


ouço agora Beach Boys e penso, porque não me sai da cabeça, do coração, no filme Cisne Negro que estreiou hoje no Brasil, dirigido por Darren Aronofsky, e tem como atriz principal a incrível Natalie Portman.
se eu já era fã dela, agora ela é uma das minhas divas, assim como Carmen Miranda, Maria Callas e Liv Ullman.
uma aula de interpretação, que me lembra o porque eu sou atriz.
Natalie se entrega tanto ao filme que te prende do começo ao fim. Posso dizer que o filme é ela!
boa direção, boa fotografia, mas é ela quem faz o filme ser magnífico.
saí emocionada. e pensei, ouvinda Callas, que eu quero ser uma atriz disponível assim!
uma atriz de alma. e quero ter a sorte de encontrar em meu caminho diretores e colegas que me possibilitem me entregar assim. que lindo é ver uma atriz, um ator total!
Natalie é total.
e repito aqui: se ela não ganhar o oscar de melhor atriz, eu desacredito de vez neste prêmio da cultura cinematográfica norte americana!
e viva Natalie. minha mais nova diva!

martedì 1 febbraio 2011

amar/desamar

"sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando EU CONSEGUIRIA VER EM VOCÊ todas estas coisas que me fascinavam e que NO FUNDO, sempre no fundo, TALVEZ NEM FOSSEM SUAS, MAS MINHAS, e pensava que AMAR era só conseguir ver e dasamar ERA NÃO MAIS CONSEGUIR VER, entende?"

Caio Fernando de Abreu.

Segurança ou Liberdade?

Texto de CONTARDO CALLIGARIS, de sua coluna da Folha de São Paulo, do dia 27/01/2010 (que eu copiei do blog do henrique: http://hvalencio.wordpress.com/2011/01/27/coluna-de-contardo-calligaris-de-hoje-na-folha/)

Segurança ou liberdade?

“As proibições protegem nossa segurança; mas qual liberdade é certo sacrificar para sermos mais seguros?”

PASSEI A SEMANA em Nova York e devorei “Só Garotos” (Companhia das Letras), o livro em que Patti Smith, poetisa, artista e roqueira, conta a história de seu amor por Robert Mapplethorpe, desde o encontro dos dois no parque de Tompkins Square, em 1967, até a morte do artista e fotógrafo, 20 anos depois, de Aids.
A leitura conjurou fantasmas de meu passado: como Smith e Mapplethorpe, fui jovem no fim dos anos 60 -e um tempo em Nova York. Vestindo jeans pata-de-elefante e uma jaqueta militar surrada, errei do Brooklyn ao Lower East Side de Manhattan, frequentei o parque de diversões de Coney Island e os inferninhos da rua 42 ao redor de Times Square.
Talvez Smith amenize um pouco os fatos, para proteger a imagem de Mapplethorpe, ou talvez minhas extravagâncias passadas pareçam maiores do que foram (sempre idealizamos nossa rebeldia). Seja como for, lendo o livro, achei que minha turma era, no mínimo, tão louca quanto Mapplethorpe e Smith.
Não penso na promiscuidade sexual ou nas “experimentações” com tóxicos ilícitos. A verdadeira loucura de todos estava na intransigência da liberdade. Smith, numa época em que a fome era violenta, para não desistir (e voltar para a casa dos pais), repetia o mantra “Eu sou livre, eu sou livre”.
Essa liberdade corajosamente defendida não se confundia com a preguiça de uma vida à toa. Smith e Mapplethorpe queriam se afirmar como artistas, únicos, diferentes.
Se não se confundiam com os demais, não era por eles não serem devorados por um sonho de sucesso. Ao contrário, suas ambições eram tamanhas que eles estavam dispostos a lhes sacrificar todo conforto e segurança. Nisto eram diferentes: não havia preocupação com conforto e segurança que pudesse induzi-los a moderar a liberdade de seus sonhos.
Todos nós fumávamos como se o tabaco fosse um vegetal em extinção (será mesmo que não sabíamos que era nocivo?). Transávamos sem camisinha e ao deus-dará (tudo bem, não havia Aids, mas havia gonorreia, sífilis, chatos e maníacos sanguinários). Dirigíamos com o pé na tábua (não havia limites de velocidade, mas sabíamos como tinham morrido James Dean e Albert Camus). Cuidado, não havia nada de suicida nessas atitudes: ao contrário, viver nos importava muito -sobreviver, muito pouco.
Em Nova York, mexi em pertences e documentos de meu filho -claro, a pedido dele. Aprendi assim que, nos anos em que morou em Nova York, apesar de minha oposição furiosa, ele tinha uma motocicleta. Passei da irritação ao riso: justamente em 1967, em Ibiza, num estado mental nada indicado para pilotar, eu aluguei uma moto e abracei uma árvore a 60 por hora -sem capacete.
Imediatamente, de Nova York, postei no meu Twitter (@ccalligaris): Sem dúvida, as proibições podem aumentar nossa segurança. Mas que liberdades seria correto sacrificar para sermos mais seguros?
Alguns lembraram uma frase de Benjamin Franklin: os que renunciassem à liberdade essencial para comprar um pouco de segurança temporária não mereceriam nem a liberdade nem a segurança.
1) As liberdades “inessenciais” são apenas aquelas às quais já renunciamos, covardemente. 2) Há 20 ou 30 anos, estamos no meio de uma negociata, da qual sairemos com alguma segurança e liberdade nenhuma. Não vou exemplificar: só faça a lista das atividades que, 30 anos atrás ou menos, não eram sequer regulamentadas.
Na luta entre segurança e liberdade, a liberdade está sempre em desvantagem, pois, assim que começarmos a prezar a segurança, como correremos algum risco para defender nossa liberdade?
Alguém observará que os “garotos” sempre vivem como se não houvesse amanhã. Concordo, mas não acho que seja apenas porque, em tese, eles estão ainda longe da morte.
Há uma outra razão. 1) Em geral, a juventude é o tempo durante o qual mais acreditamos num sentido da vida; 2) o que dá sentido à vida também dá sentido à morte: sempre vale a pena arriscar a pele por uma ideia ou esperança que pareça justificar a existência (no caso de Mapplethorpe, vale a pena sacrificar-se pela arte); 3) inversamente, quando não acreditamos num sentido, estamos muito preocupados com nossa segurança, pois este é o paradoxo: QUANTO MENOS sentido a vida tem, TANTO MAIS valorizamos (mesquinhamente) o simples fato de sobreviver.